segunda-feira, 21 de outubro de 2013

APANHADOR NO CAMPO DOS VALORES - Professor / Educador

APANHADOR NO CAMPO DOS VALORES
Hugo Fontana
        Já se tem escrito (talvez até em demasia) quais as diferenças entre um professor e um educador. As perguntas – para possíveis construções acerca do que seja um “bom” ou “mau” professor – podem ser estendidas aquilo que se convencionou designar como “bom” ou “mau” aluno. Para alguns professores, “bom” aluno é aquele que fica quietinho, presta atenção em aula. Para outros, aquele que faz todas as tarefas de casa e se sai bem nas provas. Para terceiros, aquele que lê e pergunta. E existiriam outras tantas respostas para a intrigante questão que só permite a resposta binária de “bom” e “mau”.
E o professor? Quem é “bom” ou “mau” professor? Talvez pudéssemos arriscar alguns indicativos substituindo a palavra professor/professora por educador/educadora. Não se trata de uma mera troca para dourar a pílula. Para início de conversa não me parece que o educador/a educadora costuma ficar no senso comum de uma lógica tão pobre quanto a binária (bom e mau). Ela/ele vai bem além. Sua essência de trabalho são os valores. Sabe que o ato de valorar é tarefa para toda a vida. Os valores serão sempre relacionados a uma determinada situação de vida. Sua conscientização acerca dos valores é que lhe permitirá uma permanente ligação entre escola e vida. Os valores éticos, estéticos e políticos serão sua matéria prima.
Ao mesmo tempo em que aceita a divergência, o confronto de ideias, característicos de uma sociedade plural, constituída de valores conflitantes, o educador/a educadora sabe que apenas a passagem da heteronomia para a autonomia é que possibilita uma vida ética. Sua aluna, seu aluno será livre na medida de sua capacidade de autodeterminação.
Mas a ética e a estética estão imbricadas. A estética como “percepção totalizante” do homem. Sentidos, sentimentos, imaginação, intuição são o tecido da própria arte. Permitem-nos a educação para a criatividade, para inventividade, para o não convencional, para o não definitivo, para a fragilidade das extraordinárias construções.
Os valores políticos é que podem nos permitir uma policracia, ou seja, o poder sem um proprietário específico, característico de uma sociedade pluralista que não se cansa de construir democracia. A educadora/ o educador sabe que esta é a condição necessária para que se projete e realize uma condição de cidadania.
Isso não é uma receita para ser “bom” professor. É apenas uma desconfiança de que ser “apanhador no campo dos valores” pode dar à “arte didática” uma dimensão para além do senso comum.   


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